Postagem do Facebook em 03/05/2019


Porque você chora a minha ausência ?
Minha presença nunca foi tão importante …
Suas tarefas, seus deveres, seu celular, seu trabalho … tudo sempre ocupou muito espaço na sua vida. Eu sempre fui pequeno perto desse universo de possibilidades.
Quantas vezes eu te pedi para cuidar da minha febre. Para ficar comigo apenas vigiando meu sono enquanto eu dormia…
Mas se você chegava, era para estar no celular e não comigo. O jornal, o trabalho … tudo era mais interessante, prioridades né mãe …
Quantas vezes pedi para sentar comigo enquanto eu comia. Ou para brincar comigo de qualquer coisa que você gostasse. Assistir um filme …
Porque você chora agora que eu fui?
Se não houve tempo para saber como me sentia. Não houve tempo para entender que sua presença se tornou uma ausência.
Eu nunca fui prioridade, mãe.
Então, porque chorar?
Quantas vezes te pedi para contar uma história da sua vida pra mim…
Quantas vezes te pedi para ouvir uma história minha.
Ta certo, você não tinha tempo. Estava sempre ocupada demais pensando no meu futuro.
Ele chegou… não era isso que você sempre esperou?
Porque você chora, mãe?
Eu não sinto a sua ausência … eu não acostumo com sua presença mais. Eu entendi sua ausência como necessidade.
Me tornei o grande homem executivo com boa e equilibrada vida financeira, me tornei o que você sempre desejou.
Está feliz?
Então não chora…
Não podemos mudar nossas escolhas.
Mas a cada uma vez ao mês, prometo te levar algumas flores. E também faço o depósito de dinheiro da cuidadora para você.
Ah, não acredito que seja tão importante assim que eu te visite com tanta constância. Muito menos que eu conte de minha vida insana para você …
Hoje, eu também aprendi a não dar importância para essas bobagens infantis.
Porque chora, mãe?
Eu sou a materialização de todo seu investimento e esforço. Eu te agradeço por isso.
Mas não me cobre o que você nunca pode me dar. Eu não aprendi como ser diferente.
Minha ausência só é um resultado das nossas escolhas mãe. A materialização dos meus resultados.
Texto: Viviane Siqueira