Postagem do Facebook em 13/10/2017


O luto…
Em tratamento psicanalítico, sempre que alguém passava pelo luto, eu utilizava das teorias de apoio e da escuta para tratar. Mas mesmo que eu quisesse, eu não tinha a experiência necessária para sentir o que essa pessoa sentia, para me transportar para a sensação dessa pessoa. Eu nunca antes havia perdido alguém tão próximo a mim.
Hoje, percebo que as teorias ajudam muito a entender qual é o caminho, mas que a experiência é o que verdadeiramente te constrói. Você passa a entender que verdadeiramente somos finitos e p quanto é difícil para se aceitar isso, já que nossa educação quase não tem a morte como tema. Em sociedade, quase não se fala de morrer, quase não se fala do que pensa em viver até seu dia chegar. E como quer viver até lá. Porque vivemos muitas vezes como se não fossemos findar … como se essa vida fosse eterna. E quando a morte chega, percebemos que tudo que você guardou de roupas, panelas, xícaras e taças… dinheiro… tudo fica. Fica aqui, e quem passa a ver se é importante ou não são as pessoas que ficam. Com tanto amor que você tinha por aquele carro, por aquela casa… você vai sem nada. E penso que deveríamos nos colocar a refletir sobre o que é “importante guardar”, porque a única coisa que nós guardamos de quem amamos são os ensinamentos, as palavras, os abraços, as histórias… e tudo que você lutar para deixar de bens, vai ser inútil. Porque não vai ficar, não vai salvar, não vai mudar seu destino.
O melhor que temos a fazer é ter sim uma reserva para viver, mas que ela seja o suficiente: nem mais nem menos… para que sobre tempo de você VIVER e deixar o que realmente será importante para as pessoas que te amam.

Texto: Viviane Siqueira