Postagem do Facebook em 10/08/2018


CAPÍTULO 7 – O fim da primeira fase de tratamento
Conto: “Eu não amo mais o meu marido”

Chegou o dia da consulta. Todo dia que eu acordo e é dia de consulta, me sinto muito ansiosa. Parece que vou para uma festa. E de pensar que eu me sentia indo para o matadouro … como o ser humano muda de ideia né ?

Estava refletindo e me recordando como foi importante essa fase da minha vida, como foi importante buscar ajuda. Eu até conversei com algumas amigas mas, o caso delas é até pior que o meu. Eu até pedi a Tininha que marcasse também uma consulta com a doutora. Mas o caso da Tininha é bem mais grave. O marido dela é uma peste, que trai, humilha e tudo. Ela realmente precisa de ajuda e de muita oração. Se é que não precisa de coragem mesmo para botar esse safado na rua.

Mas voltando, eu contava para elas meus problemas e elas falavam: separa mulher! Se não ama mais não tem conserto. E se eu as ouvisse… a essa altura estava sozinha. E amarga como limão. Amigos são ótimos mas não para contar sua vida. Porque eles sempre falarão com base na história ou vontade que eles têm. Todas elas falam que se “não amassem mais” estariam separados. Tem o caso da Fatinha que está sofrendo com o marido desempregado há 4 anos e ela trabalhando que nem uma louca para sustentar a casa. E a coitada da Célia? A Célia tem um filho que usa drogas e a filha que tem síndrome do pânico. Então… resumindo… ninguém é perfeito. Mas tem solução. E foi isso que aprendi.

A doutora diz que eu conseguiria encontrar o caminho sem ela. Eu duvido. Mas ela diz que todo ser humano sabe suas respostas. Só precisamos querer ouvir. Mas eu acho que eu tava era bem surda.

- Bom dia Dolores! Que bom te ver!
- Doutora você nem sabe, to indicando a senhora pra todo mundo. Falo que a senhora faz milagres.
- Imagine Dolores! Mas mesmo assim obrigada pela confiança. Como você está?
- Estou bem doutora. Bem até demais. Eu nem acredito que me sinto assim. Quero te contar tudo que aconteceu essa semana.

Contei tudo pra doutora. Contei do Toninho, da viagem que vamos nesse fim de semana, contei da minha mãe. Contei e contei. Mas eu ainda tinha uma dúvida: como voltei a me apaixonar pelo meu marido?
- Foi bem simples Dolores. Eu e conheci, conheci sua história e conheci seu marido. Percebi em primeiro lugar que vocês amavam em linguagens diferentes, e que por isso a comunicação não existia entre vocês. Mesmo que ele tentasse, ele não te agradaria. Já ouviu falar da “linguagem do amor”?
- Nunca doutora! O que é isso?
- A linguagem do amor é a forma que você usa para demonstrar amor e para se sentir amada. E se você fala em linguagem diferente, o outro não entende. Seria como falar alemão com uma pessoa que fala italiano. Entende?
- Mais ou menos doutora… pode me explicar melhor?
- Claro! As linguagens do amor são em 5 formas. A primeira delas é “atos de serviço”, onde a pessoa que usa dessa linguagem precisa servir aos outros. E também gosta de ser servida. Por exemplo fazer um jantar, lavar uma louça, tirar o lixo, limpar o coco do cachorro, fazer um café…
- Doutora, o Toninho é assim. Ele adora chegar e ver que a casa tá limpa e organizada.
- Sim! E foi o que eu fiz. Pedi que você fosse gentil com ele, fizesse um café quando ele chegasse, organizasse a roupa dele. Se lembra?
- Sim doutora! Me lembro! A senhora é danadinha!
- A segunda linguagem é “palavra de afirmação”, onde a pessoa se sente amada quando é elogiado pelo outro, do tipo: como seu cabelo está lindo, como vc está sorridente, como você está cheirosa, como você é inteligente, como eu te admiro. Para essas pessoas, a palavra tem muito poder.
- Doutora!!!! Essa sou eu!!! Eu amo assim!
- Então, quando o Sr. Antônio veio aqui, eu apenas pedi a ele que te elogiasse. Porque eu percebi que sua linguagem era essa.
- Meu Deus! A senhora é muito esperta!
- A terceira linguagem se chama “tempo de qualidade”, onde a pessoa se sente amada quando o outro dedica tempo a ela, exclusivamente a ela, mesmo que não seja muito tempo.
- Minha filha Fabiana é essa aí. Ela gosta que eu sente para ouvir o que ela vai falar doutora, acredita? Agora to entendendo.
- Temos ainda a quarta linguagem que é “atos de presente”, onde a pessoa se sente amada quando o outro a presenteia, seja com bombom ou com uma joia preciosa. O valor não é o que importa, e sim, o ato de presentear.
- Puxa isso é muito interessante. O papai era assim, enchia minha mãe de presentes. Mas ela queria mesmo que ele ajudasse com a casa doutora.
- É esse o problema. Normalmente amamos com linguagens diferentes das outras pessoas, e isso faz com que não nos entendamos. Eu dou amor de uma forma, ela espera de outra. Normalmente não procuramos entender o outro para que nossa comunicação seja boa. Pensamos assim: eu sou assim e não vou mudar. Mas, se você espera algo de alguém, precisa também dar algo seu. Não se pode esperar algo que não somos capazes de dar.
- Nossa doutora, nunca pensei nisso. Eu logo que casei limpava bem a casa, fazia faxina. Toninho ficava todo feliz. Mas depois fui parando. E ele não me elogiava mais. E as coisas foram só piorando.
- Sim, porque casamento é decisão. E é diária. Não é uma decisão que se toma uma vez na vida. Se toma todos os dias logo que você acorda.
- Puxa doutora, isso vou levar como lição.
- Sim. E temo também a quinta linguagem, “toque físico”, que é quando a pessoa se sente amada com carinhos físicos, tipo um gato sabe?
- Ah! Esse é meu filho Leandro. Ele é chameguento que só doutora. Precisa ver!
- Precisamos nos esforçar para se relacionar. Precisamos querer dar o nosso melhor. Mesmo quando sabemos que aquilo não é o que precisamos, devemos também ceder para agradar o outro. E isso é empatia.
- Puxa doutora, estou tão feliz de estar aprendendo isso. A senhora me falou que hoje será a última sessão. Mas eu gostaria tanto de continuar. Eu me sinto tão bem vindo aqui e aprendendo coisas novas. Eu tenho tanto o que aprender. Ainda não me sinto pronta para voar sozinha.
- Eu entendo você Dolores e me sinto lisongeado pela confiança. Vamos marcar mais algumas sessões para você ok?
- Ótimo doutora! O Toninho também quer vir, ele pensou em se tratar também. A senhora poderia atende-lo? Lá em casa todo mundo precisa disso