Postagem do Facebook em 02/09/2018


… e era exatamente isso. Mas naquele momento, eu estava feliz e me divertindo. Só de sair de casa e conversar a noite toda já seria muito legal.

Desci do carro com minha bolsa.
- Onde posso me trocar?

Todas elas riram de mim.

- Não há onde se trocar amiga! Troca aí mesmo! Daqui há algum tempo você nem precisa mais tirar isso.

Eu troquei no carro mesmo. Coloquei o salto e me lembro bem da dificuldade de andar com ele. Eu caí muitas vezes, eu nunca tinha usado um. E aquela saia então??? Eu odiava saia.

Essa é uma coisa interessante. Eu nunca fui feminina. Eu sempre quis me vestir como homem, bermuda, tênis. Nunca liguei para isso. Enquanto minha irmã mais velha queria roupas de marca, eu queria conforto.

- Quanto é o programa “bela”?
- Hey Paula, é com você !!!

Meu coração estava na boca. Eu não queria nem olhar quem era. Eu não sabia quanto custava, onde iríamos. Eu não sabia nem como seria. Só sabia que eu teria que transar. E transar não seria um problema.

Me lembro de quando mais jovem ainda, minha irmã me dizer que “o primeiro doía, depois acostuma e já era” – eu cresci ouvindo os casos sexuais dela desde muito pequena e ainda inocente. Infelizmente minha mãe nem sempre estava por perto e como esse assunto era natural, eu nunca enxerguei o sexo como uma coisa ruim ou difícil. E minhas referências, até então, eram ela e minha mãe. Confesso até que ela era mais referências do que minha mãe, pois passava mais tempo comigo.

- Quanto é bela ?
- 50 euros amigo e você leva – minha amiga já se intrometeu.
- Fechado!
- Vai menina! Anda! Pega a camisinha!

Entrei no carro. Não sabia pra onde eu iria, o que eu faria. Aos meus 17 anos, eu nem sabia colocar a camisinha. Era meu primeiro “emprego”. Eu não recebi um treinamento para “pegar a vaga”. Eu não passei por uma entrevista. E lá eu estava, no primeiro de muitos homens com quem eu transaria. Era apenas o início do meu fim.
No carro um silêncio inicial.

-E aí bela, me diz de onde você é. – enfiando a mão por baixo da minha saia enquanto dirigia. – Você não depila, que joia isso hein!!!

Puxa vida! Como esqueci isso!!!! Pra você ver como eu realmente não tinha noção da coisa em si, eu não me depilava. Quase morri de vergonha. Mas fiquei muda, não respondi nada. De repente, no meio do nada, ele parou o carro. A rua não tinha movimento. Ele foi tirando a calça, pegou a minha mão e colocou no corpo dele. Eu tremia. Me recordei do meu primeiro namoradinho de escola e minha primeira vez. Ele veio pra cima de mim e naquele dia eu senti prazer, muito prazer. Era o desconhecido batendo na minha porta. O proibido, o errado, a aventura. Transamos em cinco minutos. Ele gozou. Eu sorri. Voltamos para avenida em que eu estava com minhas amigas, com um ar de satisfação e cumprimento do dever.

- Obrigada pela diversão! Ele disse abrindo a porta do carro.

Eu saí com 50 euros na mão. O sexo foi bom. Mas os 50 euros em menos de 10 minutos .. ah…. esse sim foi prazeroso.

- E aí amiga??? Tudo certo?
- Tudo!
- Pronta pra outra?
- Pronta!

Eis que chegava um carrão de luxo com os vidros escuros.
- Esse é seu Paula, a gente não quer – rindo minha amiga disse isso.

Acompanhe os próximos capítulos de “Bella Senz’anima – o Diário de uma Prostituta”

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